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Postado em 31 de Março de 2021 às 05h56

ABIGRAF-SC completa 52 anos de fundação

Neste 31 de março, a Associação Brasileira da Indústria Gráfica - Regional Santa Catarina (ABIGRAF-SC) completa 52 anos de fundação. Desde o início de sua história, muitos desafios foram superados pelo setor e muitas vitórias conquistadas. E para comemorar esta data tão significativa, decidimos compartilhar o texto do primeiro capítulo do Livro "ABIGRAF/SC - 50 Anos de Associativismo e Evolução: 1969-2019", escrito pelo jornalista Carlos Stegemann, em comemoração ao quinquagésimo aniversário da entidade e que, em breve, terá seu lançamento anunciado.

O Associativismo, este ente perfeito

Toda obra de resgate histórico é uma inevitável imersão cronológica - e como os fatos se sucedem simultaneamente, é impossível não os associar e contextualizá-los. A ABIGRAF/SC foi fundada no fim da década de 1960, período de ebulição política, social e cultural em todo o planeta. Em 1969, a história do Brasil e do mundo estaria marcada definitivamente por acontecimentos como o acirramento da Guerra do Vietnã, com os primeiros passos do Homem na Lua e pelo milésimo gol de Pelé. O Brasil era presidido por Artur Costa e Silva, considerado como o período mais duro do regime militar e também o de maior crescimento - conhecido como o 'milagre econômico'.

Nos jornais de dia 31 de março, data de fundação da ABIGRAF/SC, havia alusões discretas ao quinto aniversário do movimento de 1964 e em destaque as investigações sobre o assalto ao Banco Andrade Arnaud por um grupo terrorista. Na TV, a novidade era estreia da novela 'Sangue do meu Sangue', de Sérgio Britto, na TV Excelsior, estrelando Tônia Carrero, Fernanda Montenegro e Francisco Cuoco.

Em Santa Catarina as manchetes davam espaço ao esforço da Secretaria da Saúde em promover a vacinação contra a paralisia infantil e à promessa do então Ministro dos Transportes, Mário Andreazza, de que até o fim daquele ano seria liberado - completamente asfaltado - o trecho da BR 101 entre a Florianópolis e Curitiba, além de verbas para seguir com as obras da BR 282, entre São Miguel d'Oeste e a capital.

Uma interessante coincidência, à época, foi a campanha publicitária do Governo do Estado, "valorizando o papel da comunidade para o desenvolvimento consciente e fortalecendo a importância de incentivos fiscais em projetos catarinenses de pesca, turismo e reflorestamento".

Essa política de incentivos fiscais, parte do esforço de aceleração da industrialização do país, teve conexão direta com o surgimento da ABIGRAF/SC.

Marlo Germer, filho de Bruno Germer, um dos fundadores e primeiro presidente da ABIGRAF/SC, explica o contexto no qual a entidade surge:

--"Quando a ABIGRAF/SC foi fundada eu era muito jovem, tinha apenas 21 anos, mas acompanhei meu pai em viagens que ele fez com o pessoal do Rio de Janeiro e São Paulo - e que motivaram a fundação da entidade.

No governo militar houve um grande incentivo à industrialização do país, que ofereceu facilidades tributárias para a importação. Todos os setores industriais se organizaram em associações, que apresentavam seus pleitos ao Governo, que, por sua vez, tinha no Ministério de Indústria e Comércio os grupos executivos para o desenvolvimento de diferentes setores - têxtil, gráfico, mecânico e outros. O Grupo da indústria gráfica chamava GEIPAG (Grupo Executivo de Indústrias de Papel, Celuloses e Artes Gráficas) e as gráficas quiseram participar desse movimento desenvolvimentista".

Marlo Germer dirige a Gráfica 43, uma indústria fundada em 1947 - entre as mais longevas do setor - em Blumenau, que iniciou as atividades como papelaria. Como o endereço tinha o número 43, se tornou a 'Casa 43', que vendia materiais de escritório (papelaria) e também brinquedos e similares. Nos fundos, uma pequena tipografia que produzia impressos simples.

Bruno Germer tinha formação em contabilidade, exercendo essas funções na Bruno Germer, primeiro presidente da ABIGRAF/SC Marlo Germer, da Gráfica 43 e filho do primeiro presidente da prefeitura local, além da Casa 43, cujo proprietário era Wilhelm Siewert.

-- "Em 1947, Siewert resolveu ampliar o negócio, incentivando o crescimento da gráfica, então convidou meu pai e outras pessoas para serem sócias do que então passou a se chamar Gráfica 43 SA Indústria e Comércio", relata Marlo.

Bruno, que integrava a diretoria da ABIGRAF Nacional desde sua fundação, sempre foi mais ligado à atividade administrativa, comercial e financeira, em detrimento das áreas técnicas e de produção. Era uma pessoa de relacionamento muito fácil o que o ajudou no desenvolvimento da gráfica e, mais tarde, do associativismo - como também muito arrojado e ativo. Esse arrojo justificou o crescimento épico no final dos anos 1960.

 -- "Ele teve a coragem de fazer grandes investimentos, foi um passo muito maior do que as pernas e por isso teve oposição dos outros sócios. Mas ele insistiu e, ao final, deu tudo certo", prossegue o filho.

Marlo Germer seguiu a formação paterna em contabilidade e ingressou na gráfica em 1966. Com 52 anos de casa, é o mais antigo funcionário da 43. Acompanhou Bruno nas visitas ao Ministério da Indústria e Comércio, no Rio de Janeiro, e participou daquele projeto de expansão, o que lhe conferiu a experiência necessária para um envolvimento mais amplo na empresa.

E dele também herdou o gosto pelo associativismo.

--"Meu pai se envolveu com as pessoas que lideravam a ABIGRAF no Rio e em São Paulo. Eles o estimularam - decisivamente - a liderar e fundar a ABIGRAF em Santa Catarina", recorda Marlo Germer. Considerando que a ABIGRAF Nacional foi criada em 1965, é lógico que Bruno se envolveu com os próceres do setor gráfico nacional, como Theobaldo De Nigris e Damiro de Oliveira Volpe, responsáveis pela instalação da entidade que deflagraria uma escalada do associativismo gráfico no país.

Infelizmente, Bruno Germer faleceu muito cedo, com somente 54 anos, em 1974. "Ele nos deixou no ano que dizia ter sido o melhor da gráfica. Teve um grande envolvimento com a ABIGRAF, era a iniciativa associativista que ele realmente gostava, embora tenha participado de outras".

A semente, porém, estava cultivada em solo fértil.

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